Inovação e os “engenheiros de obra pronta”

O grande desafio ao se inovar é encontrar padrões para seguir. Isto porque, se o seu projeto é inovador, ninguém fez nada muito parecido. Portanto, não há registros e casos de sucesso pra se copiar.

Quando desejamos iniciar um negócio inovador, onde não haja registros e casos anteriores, o mais normal é encontrar pessoas que fiquem encantadas com o projeto e o apoiem, mesmo sem entender como é que você vai organizar o plano. Como estas pessoas não têm a mesma visão do que você está enxergando, não são capazes de sugerir soluções para um planejamento, pois não sabem nem o que estariam planejando.

Neste cenário, você conduz o seu projeto dentro da solidão do empreendedor inovador. Pessoas se aproximam, admiram e se vão. Se você esperar apoio e parcerias de todos, esqueça, pois poucos serão capazes de captar a mecânica de um negócio inédito. Ou seja: um negócio diferente de uma padaria, um curso ou uma loja de roupas.

Para se ter sucesso nesta empreitada, é claro que devemos nos cercar de pessoas competentes e motivadas. A dificuldade, porém, para o pequeno empreendedor, é encontrar estas pessoas. Alguns parecem, até mesmo, querer desmotivá-lo e convencê-lo de que não dará certo.
Você trabalha arduamente desenvolvendo o seu projeto, o tempo passa e o seu negócio, finalmente, se torna uma realidade. A marca é conhecida, as pessoas já sabem explicar a visão do negócio, as parcerias começam a surgir. Aí, neste momento, surgem os famigerados “engenheiros de obra pronta”. Aparecem com soluções para o que já foi feito, questionam as estratégias adotadas, e, alguns, ainda continuam duvidando da efetividade do que já está pronto.

Todas as sugestões de melhoria são bem vindas. Toda colaboração entusiasmada agrega valor. Até mesmo uma reengenharia total pode valer a pena. O que não vale é ignorar a trajetória do projeto.

O povo indiano tem um hábito interessante que é o de tocar os pés dos mais velhos, em respeito aos caminhos que já percorreram. Não que os mais novos não possam superar o que os seus antecessores construíram, mas que devem se apoiar em seus feitos para ir além. Sir Isaac Newton, certa vez, afirmou que “se vi mais longe, foi porque estava sobre os ombros de gigantes”, em uma perfeita alusão ao embasamento em conhecimentos anteriores para chegar onde chegou.

As grande navegações de quinhentos anos atrás foram realizadas sem mapas precisos, com enorme desperdício material e humano e sem objetivos precisamente determinados. Alguns historiadores atuais ainda desprezam os conhecimentos e tecnologia da época, mas as viagens foram realizadas e geraram um enorme desenvolvimento para a Europa nos séculos XVI e XVII. Universidades, riquezas e grande progresso intelectual e cultural também foram resultado da grande empreitada além-mar.

Estes comentários servem para ilustrar a importância e o valor que deve ser dado ao que já foi iniciado e que já produziu resultados. Podemos fazer melhor, sempre. Só não podemos é desvalorizar o que foi construído, pois alguém com mais coragem e determinação iniciou o que os “engenheiros de obra pronta” nem sequer conseguiam compreender no início.

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