Todos nós já fomos jovens e já tivemos um enorme entusiasmo em relação a um novo conhecimento ou grupo social, sempre tentando revolucionar e trazer novidades para onde quer que estivéssemos. O mundo e as relações evoluem com o passar do tempo, de forma cada vez mais acelerada. Por força desta aceleração, mesmo os mais maduros, muitos de nós ainda somos revolucionários e inovadores nas várias atividades em que nos envolvemos. Este nosso estado misto de inovadores e experientes nos permite enxergar muito bem as duas faces, percebendo, com muita facilidade, os pontos fortes de cada uma.
Tudo aquilo que já fiz, no passado, virando noites e noites trabalhando em um novo projeto, cuidando de detalhes de design gráfico, redigindo um bom texto (ou tentando) ou aprendendo uma nova tecnologia, eu percebo atualmente nos mais jovens e me sinto reenergizado com o que vejo. Fico particularmente encantado, por exemplo, com o capricho e esmero depositados nas criações gráficas dos novos publicitários. Jovens que têm a pele tatuada, utilizam alargadores de orelhas e piercings espetados em várias partes do corpo, demonstram claramente que querem fazer a diferença, criando uma nova linguagem visual e buscando incansavelmente novas opções e novas inspirações.
Claro que todos nós valorizamos a experiência mas, ainda assim, precisamos reconhecer os benefícios que o “sangue novo” traz para nosso convívio. Alguns jovens entram no mercado de forma bem crítica e revolucionária, sem se preocupar muito com a experiência e com a linguagem dos que lá estão há muito mais tempo. Será importante que o calouro compreenda estas diferenças e saiba tirar um grande proveito da experiência dos veteranos, que ali labutam por muito mais tempo. Desta forma, os dois terão muito a ganhar.
É compreensível que uma pessoa que desenvolve determinada atividade por muitos anos de sua vida tenha um sentimento de conquista de território, merecidamente adquirido pelos excelentes trabalhos que desenvolveu e pelos resultados que proporcionou com seus conhecimentos e talentos. Uma atitude preocupante, entretanto, é percebida quando o mais experiente tenta, de todas as formas, proteger o seu mercado, alegando que os mais jovens não tenham a competência para desempenhar um determinado trabalho ou posição em um grupo social.
Não importa há quanto tempo você atua em um ramo de atividade ou estuda determinado assunto. Sempre haverá alguém mais jovem, entrando no mercado e trazendo o “sangue novo” junto com ele. Pode ser um novo profissional, um novo estudante ou professor, um novo amigo em sua rede de contatos, um novo membro em sua igreja ou associação. Como lidar com isso de forma que todos saiam ganhando com a experiência dos mais antigos e o entusiasmo do novato?
O ser humano se entusiasma com novidades e novas oportunidades. O “sangue novo” traz este benefício para uma empresa, quando consegue enxergar possibilidades novas para produtos e serviços e tem a energia e vigor necessários para trabalhar em um projeto onde o sangue mais velho já cansou um pouco de cuidar. Aproveitar e incentivar esta energia é obrigação dos mais experientes, pois o sangue novo contagia todos à volta. O que percebemos, em vez disso, é o mais antigo dizer que o mais jovem está querendo fazer muita coisa que os mais experientes já tentaram muito por anos e não conseguiram. Entram em circuito as vaidades pessoais e a energia do novato é desperdiçada por conta disso.
As equipes podem ganhar muito se houver a compreensão mútua, onde os novatos respeitam e aproveitam a experiência e conhecimentos dos veteranos e estes valorizam e estimulam o entusiasmo dos novatos. Nem um lado nem o outro devem se sentir ameaçados. O ambiente, ao contrário, deve ser propício ao compartilhamento. Nas empresas e grupos modernos não há espaço para reserva de mercado ou proteção do status quo. Tudo está mudando com muita velocidade. Novas tecnologias surgem praticamente da noite para o dia e precisamos valorizar a energia que os jovens trazem para uma equipe, dedicando-se horas a fio na busca e no aprendizado constante.
Uma dica interessante para compartilhar mais é promover uma troca ativa de informações e experiências, deixando a vaidade de lado. Chega de dizer que já sabe tudo, já experimentou tudo e que os novatos ainda têm que comer muito arroz com feijão pra chegar onde você está. Não importa tanto a sua formação, os seus mestrados e doutorados. Muita coisa nova está surgindo e precisamos acompanhar este progresso com a ajuda do “sangue novo”. Tudo avança de forma frenética e estacionar na experiência é andar pra trás.